O aumento da incidência de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) entre crianças e adolescentes vem sendo observado em várias regiões do mundo, mas ainda não são bem conhecidos os motivos da eclosão da doença nessa faixa etária.
Fisiopatologia da Diabetes tipo 2 em jovens
Assim como em adultos, o DM2 em jovens caracteriza-se por falência das células β, resistência hepática a insulina e alteração nas incretinas e na função da célula β, com aumento da produção hepática de glicose, da filtração renal e da lipólise.
Os jovens têm resistência insulínica severa, com maior perda da capacidade de estímulo de secreção de insulina pela glicose, e consequente declínio da função da célula β, duas a quatro vezes mais rápida que a descrita em adultos.
O antecedente familiar também tem papel fundamental na ocorrência do DM2 nessa faixa etária. Indivíduos com DM2 tem pelo menos um dos parentes de primeiro ou de segundo grau afetados, e 65% apresentam ao menos um familiar de primeiro grau com DM2.
Ademais, indivíduos com sobrepeso que tenham irmãos jovens com DM2 tem risco quatro vezes maior de intolerância a glicose que outras crianças com sobrepeso.
Quadro Clínico
Crianças com DM2 são geralmente assintomáticas ou oligossintomaticas por longos períodos, e 50% dos casos são encaminhados a serviço especializado, em virtude de glicosuria ou hiperglicemia em exame de rotina. Além disso, 30% dos pacientes apresentam poliuria, polidipsia leve e emagrecimento discreto.
Diagnóstico da diabetes tipo 2 em jovens
O diagnóstico de DM2, na maioria dos pacientes, poderá ser baseado na apresentação clínica e no curso da doença. O diagnóstico de DM2 deve ser suspeito sobretudo em pacientes adolescentes, negros, obesos, muitas vezes sem queixas clínicas, com história familiar positiva para a doença e apresentando hiperglicemia e/ou glicosuria em exame de rotina.
Tratamento
O tratamento atual do DM2 no jovem preconiza a entrada de farmacoterapia (metformina) desde o início, juntamente com modificações no estilo de vida.
Em pacientes com DM2, contudo, o tratamento deve priorizar a mudança do estilo de vida, com o objetivo de promover redução e controle de peso, através da instituição de atividade física e diminuição de hábitos sedentários, associados a uma dieta mais saudável e equilibrada, evitando, se possível, açúcares simples e reduzindo a ingesta de carboidratos e de gorduras totais e saturadas, com aumento da quantidade de fibras.
Conclusão
A prevalência de DM2 em jovens tem aumentado, mas ainda não se pode falar em epidemia. No entanto, há, sim, uma epidemia de obesidade na infância, associada a patologias como hipertensão, dislipidemia e doença gordurosa do fígado, mais comumente que ao DM2.
Desse modo, ao avaliar jovens com sobrepeso, os médicos devem considerar um quadro metabólico mais amplo e outras intervenções além do peso, a fim de diminuir os riscos das condições associadas. Se houver, todavia, progressão para DM2, o tratamento atual preconizado inclui modificações no estilo de vida e metformina.
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Insulina está indicada ao diagnostico, quando houver descompensação ou quando os níveis de Hemoglobina glicada e de glicemias forem muito elevadas, e se houver falha da terapêutica com a medicação oral.
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Meu nome é Mayara Camelo, sou nutricionista graduada em Nutrição Clínica e Esportiva (IPGS), diabética tipo 1 há 20 anos, usuária da bomba de insulina desde 2012, descomplico a contagem de carboidratos e atualmente trabalho com o público alvo de diabéticos.