Embora o carboidrato seja o macronutriente predominante que impacto a glicemia pós-prandial, diversos estudos têm demostrado que a gordura e a proteína também podem afetar significativamente o perfil glicêmico pós-prandial. Dessa forma, ajustar a dose de insulina prandial para estes macronutrientes, também pode ser benéfico.
Desde 2017, as recomendações da American Diabetes Association para o tratamento nutricional em pessoas com terapia insulínica flexível, foram adaptadas para incluir contagem de proteínas e gorduras em adição a contagem de carboidratos, pois existem evidências de que esses fatores dietéticos influenciam a dose de insulina e os níveis de glicose sanguínea.
Quando podemos utilizar essa contagem?
No consumo de alimentos ricos em proteínas e/ou gorduras como pizza, pão de queijo, salgadinhos e churrasco para evitar uma hiperglicemia tardia (alteração na glicemia em 3h, 4h até 5h após a ingestão desses alimentos). Quem nunca comeu um pão de queijo e aplicou tanta insulina, mas parece que não funcionou?
Algoritmos publicados para considerar o excesso de proteínas e gorduras na dose prandial:
1- Calcular por calorias provenientes das proteínas e gorduras – onde 100 kcal fontes de PTN-GORD equivalem a 10g de carboidratos.
2- Índice de insulina alimento: classifica com base na resposta de insulina em indivíduos saudáveis em relação a um alimento referência isoenergetica.
3- Para refeições ricas em gorduras (≥40g): considerar adicional de 30 a 35% na dose prandial usando bolus duplo com 50% imediato e 50% estendido em 2 a 2,5h
4- Se em terapia de múltiplas injeções diárias: considerar insulina adicional 1 hora após a refeição equivalente a 30 a 35% da dose pré-prandial.
Para pessoas em uso de sistema de infusão contínua de insulina, as doses extras para a contagem de proteínas e gorduras tornam-se mais seguras. Isso porque, existe a possibilidade do uso de bolus diferenciados, como o estendido/ quadrado ou duplo/multionda.
Em caso de múltiplas injeções diárias, para não haver hipoglicemia precoce, a dose de insulina extra para proteínas e gorduras deve ser feita em torno de 1 hora após a refeição.
Conclusão
Apesar de todos os avanços nas pesquisas para otimizar as doses de insulinas prandiais, ainda se fazem necessárias várias pesquisas para alcançar um algoritmo de maior segurança para uso de forma mais ampla.
O nutricionista ou educador em diabetes deve junto com o diabético estabelecer um algoritmo que melhor o atenda de acordo com seu controle glicêmico, tipo de tratamento e disponibilidade do mesmo de forma individual.
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Meu nome é Mayara Camelo, sou nutricionista graduada em Nutrição Clínica e Esportiva (IPGS), diabética tipo 1 há 20 anos, usuária da bomba de insulina desde 2012, descomplico a contagem de carboidratos e atualmente trabalho com o público alvo de diabéticos.